Por vezes o destino é como uma pequena tempestade de areia que não pára de mudar de direcção. Tu mudas de rumo, mas a tempestade de areia vai atrás de ti. Voltas a mudar de direcção, mas a tempestade persegue-te, seguindo no teu encalço. Isto acontece uma vez e outra e outra, como uma espécie de dança maldita com a morte ao amanhecer. Porquê? Porque esta tempestade não é uma coisa que tenha surgido do nada, sem nada que ver contigo. Esta tempestade és tu. Algo que está dentro de ti. Por isso, só te resta deixares-te levar, mergulhar na tempestade, fechando os olhos e tapando os ouvidos para não deixar entrar a areia e, passo a passo, atravessá-la de uma ponta à outra. Aqui não há lugar para o sol nem para a lua; a orientação e a noção de tempo são coisas que não fazem sentido. Existe apenas areia branca e fina, como ossos pulverizados, a rodopiar em direcção ao céu. É uma tempestade de areia assim que deves imaginar.
Haruki Murakami - Kafka à Beira-Mar
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5 comentários:
Quando comecei a ler pareceu me familiar! E não é que é mesmo! Tirei esse mesmo paragrafo para o meu livrinho dos "saberes e sentires" quando li o livro.
:)
Foi bom recordar.
Está na agenda para ler.
pois tb ando com vontade de o comprar,
bjs
Excelente partilha :)
(aliás um dia destes a Menina, poderá pedir comissão às editoras...pelas suas excelentes divulgações)
ég bani:é uma passagem fantástica.
a: vale bem a pena
rv: nada má ideia.
lover: não leio assim tanta coisa. mas obrigada
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