quinta-feira, 27 de março de 2008

Das Leben der Anderen



O filme passa-se em 1984, na antiga Alemanha de Leste, cinco antes antes da Glasnot e da queda do Muro de Berlim, onde a população é mantida debaixo de controlo pela Stasi, a polícia secreta alemã. A Stasi tem por missão saber tudo sobre a vida de todas as pessoas, através de uma vasta cadeia de informadores/denunciadores. O filme acompanha a gradual desilusão do Capitão Gerd Wiesler, um oficial altamente credenciado da Stasi, cuja missão é espiar um famoso escritor, George Dreyman, e a sua esposa, a actriz Christa-Maria Sieland.

Trata-se de um filme com uma narrativa bem estruturada, muito bem interpretado. E visualmente é arrebatador (a opção de widescreen e constantes travellings é bem conseguída, bem como os tons escolhidas).
Quando o Capitão Gerd Wiesler entra, através de escutas, na vida do casal George Dreyman e Christa-Maria começa a aperceber-se do vazio da sua existência, passando a apropriar o casal na sua vida. A osmose é tal que assistimos à progressiva desilusão tanto de Wiesler como Dreyman naquilo em que tanto acreditavam como se de um só se tratasse.
É arrepiante a cena em que Dreyman, ao piano toca, a partir de uma partitura que um amigo recentemente falecido lhe tinha oferecido pelos anos, uma peça, ao mesmo tempo que Wiesler ouve, através das escutas, e emociona-se exprimindo de uma outra forma a mesma dor.
Quando parece que chegamos os fim do filme, um novo segmento surge, cronologicamente afastado, e isto acontece por duas vezes, como se o realizador pretendesse depurar ainda mais a beleza até atingir a essência da mesma.

Se o filme nos toca profundamente, é porque cada um de nós, num momento ou outro da vida, somos confrontados com a desilusão naquilo em que acreditamos mais e somos colocados perante escolhas por vezes dolorosas.

10 comentários:

GRAFIS disse...

E felizmente que, num momento ou noutro algo acontece para nos resgatar dessa existência amorfa, se bem que não deve ser fácil ter de questionar, de um momento para o outro, todas as certezas que se têm...
Qd vi o filme, provavelmente há já mais de um ano, uma das coisas que tb me impressionou foi a forma a opressão e o poder desmesurado, num regime autoritário e ditatorial, pode destruir a vida de qualquer pessoa.
È tb um filme sobre esperança, a fazer lembrar que até uma pedra pode virar organismo vivo.

GRAFIS disse...

...a forma "como" a opressão...

serotonina disse...

Bom dia grafis, sim é impressionante a forma como a opressão é transmitida, é revoltante perceber que as pessoas acreditam num regime que lhe limita, por vezes, castra completamente, os seus pensamentos e a criatividade. os silêncios criados por essa opressão são aterradores.
Outro filme onde é bastante perceptível essa opressão é no Sophia Scholl, sobre a White Rose Movement.
E outro onde é tão bem retratada a queda do muro e as consequência para a população da RDA é no fantástico Goodbye Lenine que tem uma banda sonora impressionante.
Beijos

Eo disse...

Estive quase para o ver quando esteve no cinema, infelizmente não fui...
A ver se emendo este erro o mais rapidamente possível!

rv disse...

este filme foi uma agradável surpresa tendo em conta que sempre tive curiosidade sobre esta época naquele país, o pior é saber q ainda exiatem países onde este tipo de ambiente ainda se vivencia,

:)

serotonina disse...

eo: acho que vais gostar, mas se eu te disser que foi este o filme que fez com que o Labirinto del fauno não ganhasse o óscar, aí tenho medo que fiques com as expectativas muito em cima e te desiludas. Mas tenho uma fezada que isso não vai acontecer.
beijos e depois diz o que achaste.

serotonina disse...

rv: então, suponho que já tenhas visto o Goodbye Lenine e o Sophie Scholl. beijos

rv disse...

sim, claro, mas eu sou um pouco como tu, procuro mts formas de terapia,

bjs

Anónimo disse...

um filme que nos faz pensar mto, pensar nos regimes políticos opressores, e de como tudo se vivia de fachada e apelando ao cinismo, infidelidade e traição, tudo por medo, só o medo prevalecia. Depois havia o amor e força de alguns, os que não ligados ao regime acabavam por vezes por pagar preço bem alto, os que pertenciam e sabiam jogar, usavam esse amor para salvar os demais...
Chorei muito, adorei o filme, a música, a interpretação de todos os actores e a realização. Sem dúvida um filme para recomendar ao longo dos anos;).
Obrigada pela partilha. Beijinhos

Anónimo disse...

tens que me emprestar este