terça-feira, 22 de abril de 2008

Por vezes o destino é como uma pequena tempestade de areia que não pára de mudar de direcção. Tu mudas de rumo, mas a tempestade de areia vai atrás de ti. Voltas a mudar de direcção, mas a tempestade persegue-te, seguindo no teu encalço. Isto acontece uma vez e outra e outra, como uma espécie de dança maldita com a morte ao amanhecer. Porquê? Porque esta tempestade não é uma coisa que tenha surgido do nada, sem nada que ver contigo. Esta tempestade és tu. Algo que está dentro de ti. Por isso, só te resta deixares-te levar, mergulhar na tempestade, fechando os olhos e tapando os ouvidos para não deixar entrar a areia e, passo a passo, atravessá-la de uma ponta à outra. Aqui não há lugar para o sol nem para a lua; a orientação e a noção de tempo são coisas que não fazem sentido. Existe apenas areia branca e fina, como ossos pulverizados, a rodopiar em direcção ao céu. É uma tempestade de areia assim que deves imaginar.

Haruki Murakami - Kafka à Beira-Mar

5 comentários:

Anónimo disse...

Quando comecei a ler pareceu me familiar! E não é que é mesmo! Tirei esse mesmo paragrafo para o meu livrinho dos "saberes e sentires" quando li o livro.
:)
Foi bom recordar.

a disse...

Está na agenda para ler.

rv disse...

pois tb ando com vontade de o comprar,

bjs

Gisela FFale disse...

Excelente partilha :)

(aliás um dia destes a Menina, poderá pedir comissão às editoras...pelas suas excelentes divulgações)

serotonina disse...

ég bani:é uma passagem fantástica.

a: vale bem a pena

rv: nada má ideia.

lover: não leio assim tanta coisa. mas obrigada